sexta-feira, 16 de maio de 2008

PNEPemCHAVES:Santo Amaro


Não há imagem alguma que consiga descrever o sentir e o viver de tantas crianças que hoje realizaram as denominadas "Provas de Aferição".
Na verdade, não sei quem estaria mais nervoso/a: crianças, pais ou professores.
Sem que seja uma situação anómala, uma situação que cause qualquer distúrbio pedagógico, não creio que não provoque algum distúrbio psicológico.
Distúrbio Pedagógico, porque o que se foi aprendendo ao longo destes anos de vida vai servindo para abrir os sentidos do corpo e da alma para fazer frente a eventualidades que se vão colocando à medida que vamos crescendo. Processo inacabado, processo em construção e ao longo da vida.
Distúrbio Psicológico, porque nos vamos questionando sobre a utilidade deste tipo de trabalho.
Na verdade, para que serve?
Para avaliar competências adquiridas? Por quem? Para avaliar um trabalho realizado pelos alunos? Para avaliar o trabalho desenvolvido pelas professores? Para avaliar um sistema educativo onde as desigualdades se aprofundam cada vez mais? Para avaliar uma escola onde as condições de trabalho continuam a marcar uma disparidade total? Para avaliar os programas oficiais? Para avaliar os manuais escolares? Para promover a qualidade educativa? Para ...???
Na verdade deveríamos ser mais claros na definição dos objectivos que subjazem à realização de uma tarefa que se pretende igual para todo o País. Do Minho ao Algarve, passando por Trás-os-Montes, todas as nossas crianças e adolescentes do 4.º e 6.º anos de escolaridade se submeteram, hoje, a uma prova cuja finalidade está, ainda, por definir.
Tenhamos a coragem de esclarecer quais são os seus reais objectivos, quais são os seus reais efeitos, quais são as suas virtualidades, quais são as suas vantagens, quais são as consequências.
Enquanto isso não acontecer continuaremos a questionar-nos e a considerar que não valerá a pena tanto «espalhafato» resumido no «livro do aplicador». Até parece que não confiamos uns nos outros!...
Até parece que não fazemos um trabalho sério!...
Vamos eliminar as «Sombras» que ainda imperam no nosso sistema educativo.
Vamos dar «Luz», iluminar as consciências dos que ainda duvidam das nossas competências, das nossas capacidades, das nossas potencialidades para satisfazer necessidades e interesses que os nossos educandos reclamam. Vamos dar «Vida» a uma tarefa que já o é e que só necessita dos recursos materiais para «colorir» os seus ideais, com o verde dos campos, com o azul dos céus e dos mares, com o amarelo forte do sol, com o ruído dos rios e das fontes, com o rubro da terra fértil e do fogo que aquece as nossas mentes e os nossos corações.
O sonho de os manusear para os colocar ao serviço do «Saber Vivo» transformar-se-á, assim, numa realidade que não cabe nas «Provas Aferidas» realizadas em moldes totalmente descabidos e desfasados de um contexto educativo desejado e desejável.
Por incrível que possa parecer, até nem somos contra a realização de qualquer forma de avaliação. Esta é, apenas, uma delas. Só que surge descontextualizada, fora de uma realidade educativa plena e permanentemente vivenciada nas nossas escolas.
Porquê? Venham verificar (ver e ficar) o ambiente gerado em volta desta actividade.
Poderão, assim, aquilatar sobre as realidades contextualizadas, sobre a identidade de um quotidiano inserido na diversidade de um contexto nacional que nada tem a ver com igualdade que as provas (su/im)põem.
Fica o convite aos educadores responsáveis e os parabéns às crianças pela adesão a um trabalho que nada tem a ver com «as mãos geladas» com que nos aparecem e que nos impedem de aquecer. Pos mais e melhor qualidade educativa, Isaura.

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