quinta-feira, 29 de maio de 2008

O maravilhoso da leitura....o conto!!!



"Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo.”
Miguel Torga



Ouvir e ler histórias é entrar num mundo encantador, cheio ou não de mistérios e surpresas, mas sempre muito interessante, curioso, que diverte e ensina. É na relação lúdica e deleitosa da criança com a obra literária que temos uma das possibilidades de formarmos o leitor. É na exploração da fantasia e da imaginação que se instiga a criatividade e se fortalece a interacção entre texto e leitor.
Quem de nós não lembra com saudades as histórias lidas e ouvidas quando criança? Aquelas histórias contadas pelos nossos pais ao pé da cama antes de dormir... Ou aquelas contadas e interpretadas pela professora nos primeiros anos de escola...
Na interacção da criança com a conto está a riqueza dos aspectos formativos nele apresentados de maneira fantástica, lúdica e simbólica. A intensificação dessa interacção, através de procedimentos pedagógicos adequados, leva a criança a uma maior compreensão do texto e a uma compreensão mais abrangente do contexto.
Uma obra literária é aquela que mostra a realidade de forma nova e criativa, deixando espaços para que o leitor descubra o que está nas entrelinhas do texto.
Os contos trazem consigo inúmeras possibilidades de aprendizagem. Entre elas estão os valores apontados no texto, os quais poderão ser objecto de diálogo com as crianças, possibilitando a troca de opiniões e o desenvolvimento da sua capacidade de expressão. O estabelecimento de relações entre os comportamentos das personagens da história e os comportamentos das próprias crianças na nossa sociedade permite desenvolver os múltiplos aspectos educativos da literatura infantil.
A literatura infantil, diz Cademartori em1994, “configura-se não só como instrumento de formação conceptual, mas também de emancipação da manipulação da sociedade. Se a dependência infantil e a ausência de um padrão inato de comportamento são questões que se interpenetram, configurando a posição da criança na relação com o adulto, a literatura surge como um meio de superação da dependência e da carência por possibilitar a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento.” Mesquita (2004)
Ou seja, o conto forma leitores e ao fazê-lo contribui para valorizar a diversidade cultural, valoriza as etnias, mantém a História viva (para que cada um se sentia vivo), encanta e sensibiliza o ouvinte, estimula o imaginário, articula o sensível, toca o coração, alimenta o espírito, resgata significados para a nossa existência e reactiva o sagrado.

1 comentário:

  1. Esta mensagem fez reviver momentos de eterna saudade de um amigo de longa data, das longas conversas que nos elevavam através dos contos que nasciam nas suas sábias palavras. Eram momentos de verdadeiro êxtase linguístico que, continuavam a despertar esse imaginário de criança que sempre me seguiu. Não havia «contos lidos» na minha infância. Mas, nem por isso deixei de me agarrar aos contos que a vida trazia nos «ladrões» que assaltavam os negociantes de gado (o meu pai, por exemplo)no meio das estradas desertas ou dos «caminhos emsombrados», os ladrões que assaltavam casas de donzelas resguardadas em casas senhoriais que ainda por lá havia, os ladrões que, em quadrilhas, assaltavam aqui e ali para poderem sobreviver em tempos do após-guerra (1942-1945).
    E isso marcou também o nosso imaginário de crianças. Eram histórias contadas por nossos pais e avós e ouvidas, escutadas, à luz da candeia acesa, durante os serões, à volta das lareiras acesas. Eram contos de arrepiar, que nos levavam a tremer de medo, mas que enchiam o nosso imaginário das mais estranhas sensações e nos levavam a reagir ao medo pelo medo. Havia, ainda, os contos reais dos fantásticos pastores que conseguiam resgatar as ovelhas das bocas famintas dos lobos vorazes. E, também, de corridas de e a cavalo ou de burros e touros bravios que não conheciam os donos e que era preciso «amansar». Não havia contos de fadas, esses contos que só os livros que não tínhamos contavam. Também não havia quem os lesse. Tal era a situação de analfabetismo que grassava por esses lados. Só havia contos verdadeiros, reais, vividos pelos nossos antepassados e que iam passando de boca em boca.
    Felizmente que esse tempo já vai longe, apesar dos poucos anos que passaram. Hoje, podemos regalar-nos a ler contos que outros escreveram, aos nossos netos. Com eles também nós nos regalamos. Só que de real têm muito pouco. Os contos reais não podem ser contados às crianças porque não entram no imaginário dos adultos. Estes poderiam traumatizar uma infância do faz-de-conta, uma juventude do irreal, uma adultez da pouca clarividência.
    Talvez por isso mesmo ainda se conservem algumas recordações em nossas vidas. É bom poder sentir esta lufada de infância e juventude numa maturidade em crescimento doseado. Obrigada por esta oportunidade que foi surgindo ao sabor das teclas do computador, companheiro, indefinido, dos nossos dias de trabalho, de recreio e de lazer para quem tem tempo para tal. Um abraço e até breve.

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