sábado, 24 de maio de 2008

Compreensão...um problema de memória!!!

Os problemas de compreensão podem ser também um problema de memória.
Os sujeitos de pobre compreensão são-no porque têm um problema num âmbito específico da memória; a memória a curto prazo ou memória de trabalho (esta permite-nos reter durante 20s a direcção de um amigo, um número de telefone...).
A memória é essencial na leitura e na compreensão. A forma como utilizamos a memória a curto prazo, as deficiências nas habilidades e estratégias para reter e recordar informação é que influenciam a pobre compreensão.
Como a memória a curto prazo tem uma capacidade limitada (vinte segundos e cerca de sete unidades de informação), retém poucas coisas de cada vez e durante pouco tempo. O sujeito compreende no momento que lê, mas não memoriza.
Se dedicarmos parte do espaço da memória a reconhecer palavras não temos oportunidade de aplicar as habilidades de compreensão. Se o vocabulário for pouco familiar esgotaremos, em inferir o significado de palavras, todos os nossos recursos. Talvez, nestes casos, nem sequer cheguemos a relacionar o significado de umas palavras com as outras, desta forma nunca chegaremos a formar a ideia que expressa cada oração: o texto seria, neste caso, uma colecção de palavras. Poderíamos até chegar a elaborar o significado de uma oração, mas não ficaríamos com espaço ou tempo para integrá-la nas seguintes, não passando o texto de uma colecção de orações.
Pode acontecer ainda que consigamos ver as relações de umas ideias com as outras, mas não podemos apreciar um sentido em todas elas, tornando-se o texto num conjunto de ideias dispersas. O mais provável é que o problema não resida tanto na memória, mas no que podemos fazer com ela. O problema parece consistir em que os maus leitores não se empenham num processo de construção activa de significado pelo que, mesmo que possuam competências de descodificação, podem não utilizar eficazmente as estratégias cognitivas e metacognitivas necessárias à elaboração e integração do significado do texto.
Este défice estratégico é hoje considerado um dos elementos chave de explicação do fracasso na compreensão.

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