terça-feira, 23 de novembro de 2010

Valores (i)mutáveis.

"(...) Até à década de sessenta a escola apresentava-se como instituição baluarte de valores imutáveis que era necessário preservar e difundir.
Hoje a realidade do discurso produzido pela escola e sobre a escola é estruturalmente diversa" (J. A. Correia, 1990:15).
Por outro lado:
"Assistimos nos nossos dias a uma renovada preocupação pela ética e pelos valores, visível nos mais variados sectores da viada social, apesar do relativosmo ético e axiológico que ganhou popularidade ao longo do século XX e, em parte, como consequência dele (Noesis, nº. 77:2009).
Dois pontos de vista que se cruzam numa única preocupação ainda que distante na história de uma escola que parece não se ter encontrado consigo mesma. E já lá vão, aproximadamente, cinco décadas.
Perante as opiniões destacadas no tempo, eis que surge algo que as funde: as preocupações de hoje correspondem aos anseios de ontem.Os valores "imutáveis" que, à época, era necessário "preservar e difundir", parecem tomar, hoje, uma nova forma traduzida na expressão "renovada preocupação pela ética e pelos valores" . Será que á, aénas uma questão linguística, ou será que as palavras de uma língua mais refinada não quererão dizer a mesma coisa?
Eis uma questão que me tem oferecido alguns momentos de reflexão, não fizesse, eu própria, parte integrante de ambas as épocas, como profissional altamente empenhada em aplicar os valores que é necessário "preservar e difundir" nessa preocupação sempre renovada onde a ética, essa "Parte da Filosofia que trata da moral e das obrigações do Homem" (Grande Dicionário Enciclopédico) não podia deixar de estar presente. E isto não pode, de maneira alguma, fazer parte, apenas, da ciência a que muitos não tiveram acesso; tem que fazer parte de uma filosofia de vida que a todos diz respeito.
E é nesta filosofia de vida que a educação tem que hoje, mais que nunca assentar. Educação de um quotidiano em efervescência contínua a que temos que nos adaptar, aceitando, e, com base nos conhecimentos que vamos buscando em autores cujos pontos de vista se confundem e/ou se difundem transformá-los em ensinamentos e, sobretudo, em práticas diárias, junto dos nossos educandos, onde nós cabemos, também.
Na verdade, todos/as somos educadores e educandos em potência. Há que aproveitar essa dualidade e, como mais experientes, fruto de uma vida vivida em consonância com esses tais valores a "preservar e difundir", procurarmos oferecê-los às novas gerações, através da palavra falada e escrita e do exemplo.  

sábado, 20 de novembro de 2010

Escola.Quem´és TU?


  Na verdade, é caso para perguntar!...
Um conjunto de pessoas que têm, apenas, a voz daqueles que, a qualquer preço, tiveram a oportunidade de serem, democraticamente, "eleitos",  "designados", "nomeados", sem que sequer se dessem ao cuidado de assumir o "preferencialmente"que a legislação "dita".
A escola é isso mesmo: o que "eles querem". Só que esse "eles", nem sequer se dão ao luxo de se relacionarem pessoalmente, como pessoa, entenda-se, com quem quer que seja que lhe é inferior, hirarquicamente, falando. Há os "superiores hierárquicos" que erguem o seu "facho luminoso" e os seus inferiores que, por mais que tentem sobreviver dentro do direito e da justiça que, também a  lei lhes cofere, não há força que lhes resista. Nem mesmo a força da sua razão.
É esta a escola que temos. Até quando? Até que a AVALIAÇÃO chegue aos seus limites. 

Mas não é esta Avaliação que tentam colocar no terreno: Decreto-Lei, atrás de Decreto-Lei, Despacho, atrás de Despacho, Portaria, atrás de Portaria, e tantos outros documentos emanados de um Ministério que não chega a convencer os mais crédulos.
Sim. Porque eu, perdoem esta pessoalidade, até acredito na necessidade de uma Avaliação séria, rigorosa, mas credível. Esta não é. Para que haja Avaliação terá que haver um sistema (e digo sistema) onde se inclua a Formação Contínua e continuada, permanente, séria, que vá de encontro às necessidades primeiras dos professores nas suas escolas, junto dos seus alunos, junto dos seus professores, junto dos pais/encarregados de educação, junto de uma realidade observável, quando não palpável, num todo diversificado e diverso com características muito peculiares.

Será que tudo isto é possível?
Claro que é. Nada é impossível, quando há ao lado de cada um/a de nós pessoas que promovam o bem-estar de todos os "sobreviventes" deste sistema que tem servido mais para baralhar, mais para confundir, mais para dividir, mais para criar desigualdades, mais para encobrir competências e "reconhecer/premiar" (?)  incompetentes, do que contribuir para a clarificação, a coesão, a motivação dos seus principais actores. 

margaridadoscampos

Por isso e só por isso a EDUCAÇÃO sofre os revezes de um estado, onde cada qual se safa, nem que seja atropelando aqueles que, de boa fé, (creiam que já não são muitos) se entregam a uma causa educativa de qualidade. 
Porque, ainda os há.
Desta vez, creio que vimos para ficar. Não é uma promessa vã. Iremos tentar, por todos os meios, para que a tua sobrevivência seja uma nota inovadora no vastíssimo terreno que há que desbravar. Até breve, Isaura.