sábado, 17 de maio de 2008

PNEPemCHAVES: Compreensão Leitora



A compreensão leitora tem que ser possível. E, desde a mais tenra idade.
Senão vejamos. A criança lê nas pétalas de uma flor; lê na montra de uma loja de brinquedos; lê o pensamento dos pais; lê ao saborear o leite materno; lê o olhar de reprovação e/ou de aprovação do adulto, seja ele quem for; lê no verde dos campos que se estendem perante o seu olhar atento; lê no vento que perpassa os galhos secos das árvores queimadas, pela maldade dos humanos; lê nos raios de sol que a acaricia num dia frio de inverno como num dia escaldante de verão...
Enfim!...
A criança lê em tudo e todos quanto(s) se cruza(m) no seu caminho.
E, aí, compreende o que lê. À sua maneira, compreende. Há que lhe dar oportunidade de expressar a sua forma de entender isso mesmo.
A criança só não compreende o que os adultos lhe querem impingir, muitas vezes, de qualquer maneira.
As suas macroestruturas, mesoestruturas, infraestruturas, não são as mesmas que as nossas. Nem podem ser. E nós queremos que as adquira «num abrir e fechar de olhos». Impossível!...
Já agora, situando-nos na compreensão de textos, daqueles textos do nosso quotidiano, há condições essenciais para que a criança, o jovem, o adulto, se abra à sua compreensão.
Primeiro: o professor há-de conhecer bem o texto que se propõe trabalhar com os seus educandos. Conhecer a sua estrutura mais simples, ao nível de cada criança. Conhecer, também, a sua estrutura mais complexa, ao seu nível de educador mais que de professor. São níveis de compreensão diferentes, claro está.
Segundo: o professor tem que conhecer os recursos disponíveis para poder «espevitar» a curiosidade, a criatividade, a imaginação, a sensibilidade e tantas outras capacidades e potencialidades que necessitam de ser despertadas em cada ser: adulto, jovem, criança. É o caso da observação da realidade e/ou da sua representação, sempre que a primeira não é possível.
A «escola fora de portas», sempre que possível, seria um passo imprescindível para a recolha e o armazenamento de (in)formação do real. Esta constituir-se-á num manancial que brota sempre que seja necessário recorrer a ela. Quando isso não for possível há que recorrer à sua representação. Então, a imagem, a gravura, se e quando ela existe, o título do texto, qualquer pormenor, qualquer pista que que nos seja oportuno (re)tomar desempenharão o papel de informante que não podemos desperdiçar.
A partir daí, desencadeia-se um sem número de actividades que nos ajudam a esclarecer descodificando, simplificando, desventrando, eliminando, todo e qualquer ruído que impeça que a mensagem que o emissor, neste momento, nos envia, seja assimilada pelo receptor. Mais que isso. Outras imagens igualmente válidas poderão tomar forma e contornos acessíveis a esse mesmo receptor.
O estudo das palavras e expressões de mais difícil compreensão e ortografia, da constituição frásica, da sintaxe, da semântica, da fonética e tantos outros campos por onde a nossa actividade tem que enveredar, são, decerto, contributos inesgotáveis que nos ajudam a compreender o que esse «OUTRO» nos quer comunicar.
É um trabalho aliciante esse da descodificação da mensagem!... Do seu desmembramento ao nível de cada qual, da sua reconstrução de acordo com as competências de cada qual, surge, de novo um campo vasto de aplicação. Verificar os resultados obtidos será, tão só, uma forma de avaliação do sucesso pretendido.
Tudo isto requer tempo, calma, prazer, encantos!
A nossa Língua Materna dá-nos esta possibilidade. Oferece-nos um vasto campo de acção e continuidades que não se pode esgotar no «estudo» de um texto do «manual escolar».
Tem que ir muito mais longe. Ela perpassa todas as áreas do saber. Relacioná-lo com as vivências de cada ser em estudo será, também, um contributo ímpar.
Espero ter «lançado mais uma acha para a fogueira» que cresce, incendiando cada um de nós. Só por isso já teria valido a pena a existência deste PNEPemCHAVES. Nele vamos encontrando motivos mais que suficientes para trazer à luz contributos, absolutamente indispensáveis, para uma caminhada que se nos abre, em cada dia que passa. Não sei se rumo ao futuro ou se reduzido a este presente que urge de continuidade, de prossecução a toda a prova.
Num abraço repleto de gratidão pela reflexão proporcionada, fica a certeza de mais questões a levantar para, em conjunto, analisar e sintetizar.
Confesso que em educação se me torna difícil esta última hipótese.
Até sempre, Isaura

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