domingo, 6 de abril de 2008

Ler mais

A mensagem deixada por Lena Malta faz-me pensar na enorme responsabilidade que recai sobre os nossos ombros de educadores, de profissionais conscientes dos nossos quefazeres e afazeres quotidianos. Para "ler mais", há que, em primeiro lugar, aprender a ler. E, aprender a ler, torna-se cada vez mais complicado. Num mundo tecnologicamente «dependente», onde a imagem entra das formas mais diversificadas, onde basta «carregar no botão» e as «coisas» surgem como que por magia, segundo algumas opiniões, eis que se levantam inúmeras questões que valerá a pena descodificar. Para que serve saber ler? Será que alguém nos escuta? E escrever? Não seremos cada vez mais consumidores que produtores? Não seremos, também, mais dependentes da palavra falada que da palavra escrita?
Por outro lado, como se aprende a ler, hoje? Será que os manuais escolares nos oferecem textos à medida das nossas capacidades, à medida dos nossos interesses, à medida de uma cultura que cada vez mais se miscelaniza?
Complicado, não acham?...
São, decerto, questões a mais para podermos responder conscientemente, como é nosso apanágio.
Pois bem, se nos tem sido relativamente fácil encontrar caminhos motivadores de leitura, porque temos construído, nós próprios, os nossos manuais de iniciação à leitura/escrita, através dos nossos «centros de interesses comuns» e de uma observação / investigação do/no meio físico-social que nos rodeia, reconhecemos que isso não chega. Necessitamos de alargar o nosso âmbito lexical, de alimentar a nossa imaginação, de conhecer outros espaços, outros tempos, outras gentes, outros mundos, outras maneiras de agir e de pensar, outras culturas.
O nosso âmbito escolar/educativo torna-se demasiado reduzido, demasiado limitado, de masiado pequeno, demasiado restringido ao que é nosso, ao que temos ao nosso lado. Por isso queremos mais, muito mais.
Necessitamos de uma abrangência mais significativa para poder responder e adequar os nossos saberes a outras realidades diferentes das nossas; necessitamos de aceder a recursos bibliográficos que não se nos oferecem de ânimo leve.
Onde estão as bibliotecas escolares, adequadas ao primeiro ciclo do ensino básico? Claro que, sempre que nos é possível, recorremos a outras instâncias para resolver os nossos problemas mais imediatos. Mas, e a médio / longo prazo?
Desculpem-nos os que desconhecem esta realidade escolar/educativa, enquanto saímos e não saímos da escola, o nosso ensejo dispersa-se e para o reencontrar, ou encontrar, de novo, é um bico d'obra...
Falam bem os que têm possibilidades económicas e motivações para poder oferecer às suas/nossas crianças uma enciclopédia, um livro de contos, um livro de aventuras... E quem não pode?...
Então, no que se refere a professores, "ler mais", constiutui-se como um campo de batalha que urge vencer, neste imediato que não pára de avançar. Os livros que nos falem de educação, que nos remetam para o nosso labor diário, permanente, constante, que alimentem a nossa reflexão crítica, sabemos bem os seus custos...
E, como necessitamos de rever esta situação!...
Como necessitamos de ser olhados de maneira diferente...
A ESCOLA não terá direito a ter uma biblioteca que possa suprir as falhas que não conseguimos colmatar?...
Fique para reflexão. Até breve. Ainda que preocupante deixo um abraço amigo, Isaura.

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