segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Histórias do Antigamente

Não obstante o cansaço sentido após um fim de semana um tanto ou quanto atribulado, pude respirar fundo, de alívio: Terminei a reorganização da TESE de Doutoramento, defendida em Julho, próximo passado, no intuito de poder publicar o trabalho consequente como prova do sucesso linguístico alcançado ao longo de 50 anos de trabalho com crianças dos 5/6/7 anos aos 10 a 15 anos.
Parece impossível, não parece? Como será possível esta abrangência, se, nos tempos que correm, aos 10 anos estão já no 2.º Ciclo do Ensino Básico?
São questões que merecem uma resposta, na verdade.
É que o início desta "caminhada lectiva" remonta a Outubro de 1961. E, aí, comecei por leccionar alunos com 15 anos de idade, 3/4 anos mais novos que a própria professora. É verdade.
E foi uma experiência demasiado rica para quem começa. Estudei mais que os alunos, tenho a certeza. Era uma escola masculina com 42 alunos e 3 classes, apenas: 1.ª, 3.ª e 4.ª. Sei que eram 13 de 1.ª classe, 18 de 4.ª, 11 de 3.ª. A 2.ª Classe masculina fazia parte da classe mista a funcionar na sala do lado. A Propósito de trabalho há, ainda, que salientar os programas extensíssimos e os examos de 4.ª Classe e de Admissão aos Liceus ou Escolas Técnicas: Comercial e Industrial. Eram, na verdade, outros tempos. Contudo, havia muito bons alunos.
Era essa a compensação que nos restava.
Para além disso, encarar os examinadores dos nossos alunos era um bico de obra. Colegas de profissão, gente da nossa idade, mas essencialmente, mais velha, olhavam-nos com um ar de superioridade que nem nos atrevíamos e olhá-los de frente.
Eram muito duros os júris e as regras ainda piores.
Se soubéssemos que, nesses tempos, o exame, prova escrita, constava de um ditado extenso onde só poderiam existir 4 erros e 1 falta. Tudo quanto passasse daí era motivo de reprovação. Já a prova escrita de matemática se reduzia a "um problema de 3 e 4 operações e uma multiplicação ou divisão kilométricas e com todas as provas.
Já nas provas orais se percorria a geografia de lés a lés, incluindo as Províncias Ultramarinas, a História de Portugal entre reis e presidentes, a leitura com todas as formas gramaticais e a divisão e classificação de orações; em matemática para quem tivesse errado uma das hipóteses da Prova escrita. Ah!... Havia, ainda, uma prova de "desenho à vista".
Enfim. Outros tempos, diriam muitos dos que encontram no trabalho de hoje complicações acentuadas.
Outras gentes, diremos nós.
Voltaremos a falar desses tempos e dessas gentes, muito em breve.
Até lá, fica um abraço a ligar este presente a esse passado que é bom recordar. Isaura.

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