terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sou Pessoa Importante

Tal como deixei claro no último contacto aqui vos deixo um pouco do que se passou com alunos de 6 anos, portanto, do 1.º Ano de Escolaridade Obrigatória. Estávamos no início de um tema cujo conteúdo nos interrogava: -- Afinal, quem sou eu?
Por mais que a conversa tentasse seguir o rumo pretendido, não havia maneira de chegar ao que pretendia. Até que, olhando através da janela, vimos passar, em frente à escola, uma Pessoa.
--Afinal, quem vai ali?
-- Uma pessoa, dizem os/as alunos/as, em coro.
-- Pois é. E, então, quem sou EU?
-- Tu és a nossa professora.
-- É verdade, mas para além disso, quem sou eu?
-- És uma Pessoa muito importante.
-- Obrigada por reconheceres isso. E tu? Serás que és uma Pessoa muito Importante?...
Entre o sim e o não, ficámo-nos pelo SIM. E, escrevi no quadro negro de ardósia: Eu sou uma pessoa muito importante.Utilizando o método global de palavras adequado à nossa realidade, passámos ao estudo das palavras com necessidade de uma atenção mais profunda. E, há logo uma aluna que diz:
-- Ó professora, na palavra importante está a palavra porta. Nunca me tinha passado pela cabeça tal análise. Foram as próprias crianças que construíram a aula, a partir de então. A professora limitou-se a seguir o raciocínio dos/as alunos/as e a provocar algumas ideias que já estavam na nossa mira, há algum tempo.
Encostada ao quadro, nem queria acreditar no que ouvia.
--Pois é, a palavra porta está além, na porta de entrada na sala.
-- E para que serve? -- Pergunta a professora.
-- Para entrar -- diz a Sofia.
-- E para sair -- acrescenta o Pedro.
-- E nós deixamos entrar cá alguém que nos faça mal? -- Continua a professora, depois de escutar o que se passava à sua volta.
-- Não. Dizem, em coro.
-- Então, que terá a ver a palavra porta com a pessoa importante que cada um/a de nós é?
-- É que nós temos uma porta no nosso corpo, -- diz a sara.
-- Pois temos, diz o João. Já aprendemos isso. É a "mente". E só deixamos lá entrar as coisas boas que aprendemos, as coisas boas em que pensamos, as coisas que nos fazem felizes.
A professora continuava expectante, verdadeiramente enternecida com o que se passavà diante dos seus olhos.
-- Mas, nós temos uma outra porta -- acrescenta o Nuno. É o coração.
Aí, a professora não resistiu e entra na conversa prolongando-a até ao limite do tempo que nos restava, numa oralidade sempre mais e mais atraente.
Depois de termos avançado o suficiente tornando este momento o mais rico possível rematámos o trabalho com esta maravilha que vos deixo:


Temos uma mente que pensa.
Temos um coração que ama
.

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