sábado, 7 de novembro de 2009

Histórias de Vida

Sentado numa varanda
O meu avô me dizia
"-- Se a fé te não enganasse"
Outro galo cantaria"
Deitada em cima da mesa
Dessa varanda velhinha
Dizia a quem passava:
-- Eu quero ser "professorinha"....

Já lá vão uns "anitos" que não passaram em vão. Graças a um esforço redobrado de uma família de agricultores da época, década de 40 do Século passado, lá cheguei. Nem as doutas palavras do meu avô travaram os desígnios de uma vida de luta, de trabalho, de conquistas inumeráveis na busca do impossível. "Busca o Impossível, sim, porque o possível está ao teu alcance": Palavras de Miguel Torga nas muitas oportunidades, imensamente felizes, dos nossos encontros anuais de duas semanas.
Deste GRANDE HOMEM falaremos um pouco mais adiante. Ele faz parte, também, deste percurso pessoal / profissional que muito me apraz registar.
Neste momento há que retomar esse passado longínquo/presente que marcou a vida de uma Professora que gostaria de trazer à lida profissional todo esse percurso realizado com uma alegria invulgar que, ainda hoje, se mantém, mesmo para além das adversidades contingenciais com que se debate.
A Vida é isto mesmo: um misto de sofrimento e de alegria para o aliviar e poder seguir em frente com a dignidade que qualquer humano merece.
Nascida numa recôndita aldeia transmontana, onde viveu uma infância feliz, entre os jogos do trabalho e as obrigações diárias de colaborar, de criar, de estudar. Sou a 5.ª filha herdeira desse casal cujo «pecado» foi, tão só -- ensinar-nos a trabalhar.
Para além de mim, havia, ainda mais um irmão, mais novo com quem brincava sempre que guardávamos as vacas, nos lameiros da Regadas, de Portuzelo, da Fonte de baixo, da Lama, de Salamões, ou pelos montes quando floriam os arbustos de Vale-de-Penedos, da Circa e outros. Havia, ainda, espaço para ajudar o pastor a guardar o rebanho, ou a levar os porcos para debaixo das amoreiras da Regadinhas.
Ainda crianças, antes de entrar para a escola, era essa uma tarefa nem sempre bem aceite. Porém, que alternativa nos sobrava? O tempo ia passando nesse quotidiano, apenas, igual a si próprio.
Seria que nessa altura se falava em exploração infantil
Decerto que esse trabalho nos ensinou a contactar com a natureza, a vê-la de forma muito especial, a amá-la pelo que ela nos oferecia de belo, de verdade, de sintonia com os bens espirituais que se iam misturando com os bens materiais que a família necessitava.
E, só para que se possam saborear, ainda hoje, as belezas desse recanto abençoado, deixamos aqui uma pequena amostra do muito que há para ver: E, se na Natureza nada se perde e tudo se transforma, também essa regra se encontra bem patente na imagem que fica:


A varanda lá está, apenas foi reconstruída, como aliás tudo o resto que, só o esforço, a capacidade e a criatividade humana, conseguem (re)fazer, (re)construir...

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